25.4.10

Como o Twitter tem sido utilizado para criar e recriar cultura

Fui uma das entrevistadas nessa matéria, publicada no Jornal O Globo (RJ) de hoje (25.04.2010).



Colaboração com os seguidores nas artes plásticas e no cinema

Pesquisador questiona inovação da ferramenta para criação artística

O uso do Twitter para a criação literária é o caminho mais óbvio da ferramenta, mas não é o único. O diretor Giuliano Chiaradia foi além e utilizou o microblog para fazer um filme, o curta-metragem “Relações virtuais”, e um videoclipe, para a música “O que você sempre quis”, da banda Stevens.

No caso do curta, a protagonista dialogava em tempo real, durante as gravações, com seus seguidores. No clipe, foram os fãs que montaram o roteiro a partir de trocas de mensagens pelo site.

— A expressão em 140 caracteres marca o dinamismo da época em que vivemos — diz Chiaradia, que atualmente desenvolve conceitos e formatos para novas mídias na Rede Globo. — O interessante do Twitter é a resposta imediata.

Mais do que o imediatismo, a jornalista e artista plástica Viviane Gueller buscou no Twitter a não linearidade da informação. Viviane desenvolve um trabalho denominado por ela de “arte-reportagem”.

Entre outra atividades, ela distribui uma newsletter eletrônica, a “Rodapé”, em que compõe textos, imagens e títulos como uma notícia de jornal, mas numa ordem que desconstrói o que seria uma notícia. Com o Twitter, ela passou a também limitar sua arte a 140 caracteres, com mensagens do tipo “Mulher britânica ganha sotaque chinês após enxaqueca” ou “Cientistas alemães criam sistema que controla carro com os olhos”.

— O trabalho acontece em várias plataformas, são notícias que levam para outro lugar. O texto gera uma imagem, e cada leitor descobre coisas novas. O Twitter se prestou muito a isso — explica Viviane.

A dúvida, porém, é saber o quanto as criações pelo Twitter se diferenciam de criações em outras aplicações da internet ou até de criações físicas. O pesquisador Silvio Meira, especialista em tecnologia da informação, acredita que o que tem sido feito é um “discurso normal através de uma ferramenta anormal”.

— Contos em 140 caracteres feitos no Twitter são a mesma coisa de contos em 140 caracteres escritos fora do Twitter. Num filme, por mais que os seguidores colaborem com o roteiro, ainda haverá alguém assumindo o papel de diretor central. E este é um papel que ninguém deveria assumir no Twitter. Seu discurso é fragmentado, são fragmentos que alguns colam, e outros não colam. Ainda não vi alguém fazer isso bem como arte — diz Meira. — Só que isso não significa que não é possível.
Eu não sou artista para dizer como seria, mas acredito na criatividade dos artistas.

 

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